domingo, 24 de abril de 2016

Mulheres quebrando tabu e constroem 28 casas na Baixada e Zona Oeste




Em meio a painéis de madeira, cavadeiras e pregos, as mulheres da ONG Teto não se intimidam com o trabalho considerado pesado. Neste domingo, voluntárias colocaram a mão na massa e finalizaram as 28 casas de emergência construídas em Jardim Gramacho, Parque das Missões e Vila Beira-Mar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; e no Canal do Anil, Zona Oeste do Rio. A participação feminina “nos canteiros de obras” das construções, além de quebrar preconceitos, dá voz a elas, mostrando a forma que têm. A Teto — que conta com 431 colaboradores, a maioria, mulheres — trabalha pelo desenvolvimento comunitário por meio da ação conjunta de moradores e voluntários.



Em 2013, a bacharel em Direito Thatiane Ildefonso, de 32 anos, construiu sua primeira casa. Em três anos, já está em sua 13ª construção. Segundo ela, um dos papéis de uma voluntária é fazer com que as mulheres tenham voz na família, na comunidade e entre os amigos.
— Ser mulher, hoje, é mostrar igualdade. É se posicionar como detentora de direitos e deveres. É ter voz ativa — explica.


Em outubro de 2015, a estudante de 17 anos Sofia Calderano, por meio de uma parceria entre o colégio em que estuda e a Teto, ajudou pela primeira vez a levantar a casa de uma família. Em dezembro, construiu novamente e, no último fim de semana, liderou uma equipe no Canal de Anil. Segundo ela, “o machismo está presente onde a Teto atua, assim como em toda sociedade”, mas, quando moradores veem mulheres levantando paredes, quebra-se preconceitos.
No Brasil, a ONG Teto já construiu cerca de 2.400 casas emergenciais, espalhadas por Rio, São Paulo, Paraná e Bahia. Nos dias 8, 9 e 10 de abril, mais de seis mil jovens irão às ruas para denunciar a realidade vivida nas favelas do Brasil e arrecadar fundos para a organização. A inscrição pode ser feita em teto.org.br/coleta.


Mulheres são 75%
Em julho do ano passado, Patrícia dos Santos, de 30 anos, conhecida como a “Melhor que tem”, ajudou a construir a casa em que mora, em Jardim Gramacho. No fim de semana, seu sofá não foi disputado, como de costume, pelos voluntários na hora do almoço. Cozinheira de mão cheia, ela foi uma das responsáveis pela organização da escola em que os voluntários, como ela, dormiram durante a última obra.
De acordo com Patrícia, um dos motivos que a fez se tornar voluntária foi poder ajudar os vizinhos e o lugar em que mora.
— O que me motiva é ver a comunidade melhorar, ver que pessoas que precisam, como eu precisei, vão ter um lugar melhor para morar. Quando todos estão juntos, o trabalho pesado é dividido, e, independentemente se o voluntário é mulher ou homem, todos estão juntos para terminar as casas — diz.
O número de mulheres construindo surpreende.
— Normalmente, as mulheres são mais sensíveis que os homens, e querem ver a situação da comunidade melhorar — explica Patrícia.

A participação feminina na organização está presente em todas as áreas. Das 447 casas construídas pela ONG Teto Brasil em 2015, 340 foram chefiadas por mulheres, representando 75%. No Rio, dos 23 coordenadores da organização, 17 são mulheres.

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